Corte Especial homologa sentença estrangeira de US$ 6,1 milhões contra a OAS

Por Redação em 04/05/2021 às 07:46:05

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) homologou uma sentença proferida pela Justiça de Trinidad e Tobago contra a construtora brasileira OAS, após o pedido apresentado por uma construtora da ilha caribenha, vencedora da disputa judicial naquele paĂ­s. A homologação de sentença estrangeira – competĂȘncia do STJ estabelecida no artigo 105, I, "i", da Constituição Federal – é necessĂĄria para que ela possa produzir efeitos no Brasil.

Na decisão estrangeira, a OAS foi condenada a pagar 6,1 milhões de dólares por inadimplĂȘncia contratual. Ao contestar o pedido de homologação da sentença perante o STJ, a empresa brasileira alegou que haveria deficiĂȘncia na instrução do pedido, devido à ausĂȘncia de documentos fundamentais e da assinatura do juiz que proferiu a decisão.

A OAS também argumentou que haveria ofensa à ordem pĂșblica, por absoluta ausĂȘncia de fundamentação da sentença estrangeira.

A relatora do caso na Corte Especial, ministra Laurita Vaz, destacou que o papel do STJ, diante de um pedido de homologação de decisão estrangeira, é apenas verificar se estão atendidos certos requisitos formais, além de observar se hĂĄ ofensa à soberania nacional, à dignidade da pessoa humana ou à ordem pĂșblica, sem reexaminar as questões de mérito do processo.

Sistemas diferentes

Segundo a ministra, o fato de a sentença não ser assinada como as do Brasil não constitui, por si só, ofensa à ordem pĂșblica, jĂĄ que é decorrĂȘncia de um sistema jurĂ­dico diferente.

Além disso, explicou a relatora, "é muito comum, em determinados paĂ­ses, a forma objetiva e direta de anĂĄlise oral dos argumentos apresentados pelas partes, seguida da declaração do direito reconhecido pelo juĂ­zo" – o que, para ela, não representa ofensa à ordem pĂșblica por suposta falta de fundamentação.

Laurita Vaz afirmou que não se exige que a sentença estrangeira e o rito procedimental observem as normas da legislação brasileira, "o que equivaleria a erigir obstĂĄculo que não se coaduna com os requisitos legais e regimentais desse procedimento meramente homologatório".

A ministra apontou ainda que, segundo consta do processo, os advogados de ambas as partes foram ouvidos antes da decisão.

Fonte: STJ

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