Os ministros CĂĄrmen LĂșcia, Cristiano Zanin, FlĂĄvio Dino e Luiz Fux seguiram o voto do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo e que determinou a prisão preventiva dos trĂȘs no domingo (24).
Na decisão, Moraes escreveu haver "fortes indĂcios de materialidade e autoria" do planejamento do assassinato pelos trĂȘs presos, além de manobras para encobrir a autoria do crime e atrapalhar as investigações.
Além do relator, o Ășnico a apresentar um voto por escrito foi Dino. Ele escreveu que as prisões preventivas se justificam diante de um "ecossistema criminoso" que teria sido montado dentro do Poder PĂșblico para encobrir a autoria do crime.
Os ministros seguiram parecer da Procuradoria-Geral da RepĂșblica (PGR), segundo o qual se os trĂȘs "permaneçam em liberdade, continuarão a obstruir os trabalhos de PolĂcia JudiciĂĄria, valendo-se do poderio econômico de que dispõem e dos contatos com as redes ilĂcitas existentes no MunicĂpio do Rio de Janeiro".
Os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão e o delegado da PolĂcia Civil Rivaldo Barbosa foram detidos na manhã de domingo (24) durante a Operação Murder Inc e foram levados pela PolĂcia Federal para BrasĂlia, onde chegaram por volta das 16h.
No caso de Chiquinho Brazão, que é deputado federal, a Constituição Federal prevĂȘ que sua prisão deve ser apreciada pelo plenĂĄrio da Câmara dos Deputados, que poderĂĄ mantĂȘ-lo preso ou soltĂĄ-lo. A data da sessão ainda não foi anunciada, mas deverĂĄ ocorrer nos próximos dias.
A principal motivação do assassinato de Marielle e Anderson, revelada no relatório de investigação da PF, envolve a disputa em torno da regularização de territórios no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, o ministro da Justiça e Segurança PĂșblica, Ricardo Lewandowski, afirmou que as investigações policiais levaram ao esclarecimento completo sobre quem são os mandantes dos crimes, além dos os executores e os intermediĂĄrios.
Marielle e Anderson foram assassinados a tiros, em um cruzamento na região central do Rio de Janeiro, em março de 2018, enquanto se deslocavam de carro após uma agenda de trabalho.
Em entrevista ao sair da SuperintendĂȘncia da PF no Rio de Janeiro, o advogado de Domingos Brazão negou que ele tivesse qualquer relação com Marielle ou participação no assassinato da vereadora. "Ele é inocente e não tem nada a ver com isso", afirmou o advogado Ubiratan Guedes.
A AgĂȘncia Brasil entrou em contato com a defesa de Rivaldo Barbosa e aguarda retorno. A defesa de Chiquinho Brazão ainda não respondeu aos pedidos de comentĂĄrio.
Em 20 de março, depois que a acusação de ser o mandante vazou na imprensa, o deputado Chiquinho Brazão divulgou uma nota em que disse estar "surpreendido pelas especulações" e afirmou que o convĂvio com Marielle sempre foi "amistoso e cordial".
Fonte: AgĂȘncia Brasil