Maio é o mês de conscientização das doenças intestinais inflamatórias

Por Redação em 24/05/2022 às 20:00:11

Prédio do TST ficará iluminado de roxo para alertar para o tema

24/05/2022 - O TST estará iluminado este mês em alusão à Campanha Maio Roxo. O movimento, mundial, busca conscientizar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). 

Existem dois tipos de doenças inflamatórias intestinais: a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. No Brasil, a ocorrência de novos casos fica em torno de sete para cada 100 mil habitantes, mas o que chama atenção é o fato da maior incidência dos pacientes diagnosticados estarem entre os adolescentes e os adultos com até 35 anos de idade.

Enquanto a retocolite ulcerativa provoca uma inflamação, de longa duração, no revestimento interno do intestino grosso e no reto, a doença de Crohn pode atingir todo o trato digestivo com lesões, que vão desde a boca até a região do reto, sendo mais predominante no intestino delgado, no colón e na região perianal.

Primeiros sinais  

Nas DII os sintomas mais comuns são a diarreia, cólicas, febre, prisão de ventre e o desconforto abdominal, que podem ser, facilmente, confundidos com situações pontuais do nosso dia-a-dia, como um simples desarranjo intestinal. 

Luís Fernando Dutra Diniz, médico gastroenterologista que atua na Secretaria de Saúde do Tribunal (Sesaud), reforça a importância de ficarmos atentos a esses sinais, pois eles podem indicar algo mais grave. “De início, percebemos que existem sintomas comuns a outras patologias. Mas um sinal de alerta, por exemplo, é uma diarreia, com restos alimentares, que perdure por 30 dias. Neste caso, eu sou obrigado a fazer uma investigação mais detalhada”, explica. “A perda de peso, a presença de sangue nas fezes e o histórico familiar também são indicativos que precisam ser levados em conta“, alerta. 

Individualidade

A prisão de ventre também é um dos sinais de alerta das DII, mas o médico do TST chama a atenção sobre o que seria um hábito intestinal normal, desmistificando aquela ideia de que o indivíduo tem que evacuar, obrigatoriamente, todos os dias. 

Mais do que a regularidade, o importante é que a evacuação seja sem ressecamento ou com uma diarreia aquosa. Segundo ele, essa normalidade engloba desde o indivíduo que evacua mais de uma vez ao dia, até aquele que vai ao banheiro de três em três dias. Isso está dentro de um padrão fisiológico normal, levando em conta as características de cada pessoa”, assinala.

A jornalista da Secretaria de Comunicação Social do TST (Secom) Nathalia Freitas relata sofrer com constantes períodos de dores abdominais, cólicas e uma prisão de ventre que a acompanha há muitos anos. Mas, ao apresentar quadro febril, decidiu procurar atendimento médico de urgência, quando foi constatada uma infecção. “Até então, eu achava que era mais uma prisão de ventre habitual ou uma reação aos medicamentos que eu tomo. Com a febre, foi que  veio o alerta de que poderia ser algo mais grave,  pois esses sintomas poderiam  ser indicativos, também, da doença inflamatória intestinal. Ainda estamos investigando e não temos um diagnóstico fechado”, contou.

Diagnóstico precoce

O diagnóstico, tanto da  retocolite ulcerativa  quanto da  doença de Crohn,  é feito com base no histórico clínico, em exames laboratoriais e de imagem, como a endoscopia e a colonoscopia. Natália diz que sempre foi resistente a fazer os exames de imagem, por serem muito desconfortáveis, mas que chegou um momento em que ela não tinha mais opção. “Se eu tivesse buscado logo essa orientação médica, hoje eu não estaria com esse quadro mais crítico, em que os medicamentos não surtem o efeito desejado. Essa é a relevância do diagnóstico precoce”, enfatiza. “Por isso, é importante aproveitar essa conscientização motivada pelo Maio Roxo para quebrarmos os estigmas e tabus sobre as doenças relacionadas ao intestino e não subestimar os sintomas”, resume.

Qualidade de vida

A jornalista relata que, no início, não achava que esse quadro poderia impactar, diretamente, em sua qualidade de vida. “Hoje, eu sei que não é assim, pois sinto reflexos no meu corpo como um todo, com inchaços, dores, mal estar e até momentos de tanta dor que me fizeram ir embora de um evento social”, comenta. “Como dizem que o intestino é nosso segundo cérebro, essa situação física também me traz episódios de ansiedade, insônia e irritabilidade”, detalha.

Segundo o médico Luiz Fernando Dutra Diniz, apesar de as doenças inflamatórias intestinais serem crônicas, não terem causas conhecidas nem cura, algumas medidas podem ser adotadas para amenizar os desconfortos e melhorar a qualidade de vida do paciente. “O importante é ter uma alimentação rica em fibra, evitar o excesso de álcool e o tabagismo. O cigarro, pela alta presença de fatores químicos, é o que mais interfere e agrava a possibilidade de ocorrência das DII”, esclarece.

Ele destaca a importância da campanha como mecanismo de conscientização e valorização das pesquisas desenvolvidas. “O Maio Roxo vem nos mostrar que temos de valorizar a ciência e o avanço alcançado com  as pesquisas desenvolvidas sobre essas doenças. Adotando hábitos de vida saudáveis, somados a um diagnóstico precoce à orientação médica e ao tratamento adequado, o paciente poderá ter ciclos prolongados de remissão dos sintomas. Isso é qualidade de vida,“ concluiu.

Para mais informações sobre a doença, acesse o site da Associação Nacional dos Portadores de Doenças Inflamatórias Intestinais.

(Andrea Magalhães/GS)

Fonte: TST

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